A redução proporcional de trabalho e salário – que tinha parte do pagamento dos funcionários feita pelo governo através do auxílio, criação de novas linhas de crédito e a isenção de impostos deixaram de ser oferecidas pelo governo federal. A decisão causou grande preocupação entre os empresários, tendo em vista que a maior parte ainda não conseguiu se recuperar dos prejuízos financeiros provocados pela pandemia da covid-19. Já no mês de janeiro, por exemplo, os que tinham o auxílio para quitar o salário dos funcionários precisaram desembolsar os valores de forma integral. O que traz novamente a possibilidade de demissões e a não contratação de novos profissionais.
Com o início da pandemia e o fechamento do comércio em março do ano passado, o governo federal havia criado estas ações, para que elas que pudessem evitar o fechamento das pequenas e médias empresas e diminuir o número de demissões. Com a chamada “segunda onda” da doença e a possibilidade de um novo lockdown, a preocupação dos empresários de Petrópolis acentuou ainda mais.
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis, por exemplo, disse que tem se mostrado temerosa com relação às questões econômicas do país no início de 2021, por conta do fim da redução de salário e suspensão dos contratos de trabalho, aliados a uma nova onda de casos da covid-19. Tudo isso em um cenário em que os empresários precisam lutar para conseguir honrar os compromissos com impostos e tentar manter empregos.
Para o presidente da CDL Petrópolis, Luiz Felipe Caetano da Silva e Souza, chegou a hora de reivindicar ações efetivas do poder público como a manutenção das medidas de proteção aos empregos, além de ampliar aquelas referentes à questão tributária das empresas. “Nós estamos lutando com muitas dificuldades seja para manter nossos negócios, que são a nossa fonte de renda, seja para manter os empregos dos nossos colaboradores. Quem sobreviveu às medidas de restrição da covid-19 se valeu da lei que suspendeu contratos de trabalho e manteve boa parte dos seus colaboradores, mas teve que fazer malabarismos para pagar seus impostos”, disse Luiz Felipe.
Ele ressaltou ainda que o ano de 2021 parece que ainda será muito difícil para o comércio. “Precisamos que os governos municipal, estadual e federal nos ajudem seja na questão dos impostos, postergando os pagamentos, disponibilizando empréstimos a juros baixos, e claro, protegendo os empregos”, explicou Luiz Felipe.
O empresário disse ainda que se a pandemia não acabou, e por isso as medidas de ajuda às pessoas e às empresas também não podem acabar. Pois só as mantendo será possível vencer a crise econômica que se instalou no país.
PC&VB espera que governo federal retome com subsídio
Para o presidente Petrópolis Convention & Visitors Bureau (PC&VB), Samir El Ghaoui, o primeiro trimestres de 2021 será de muita cautela e dificuldade em Petrópolis. Por ser uma cidade turística os segmentos de hotelaria, gastronomia, comércio e indústria como um todo, foram extremamente afetados desde o início da pandemia.
“A redução proporcional de trabalho e salário era essencial, ainda mais porque a maior parte dos empresários não conseguiu ter acesso às linhas de crédito fornecidas pelo governo federal. Havia muita burocracia e isso prejudicou os empresários menores, que são os que mais precisam de ajuda neste momento para não fecharem as portas”, considerou Samir.
Ainda de acordo com ele, a chegada da “segunda onda” da covid-19 próximo às datas comemorativas de fim de ano, prejudicou ainda mais a recuperação econômica que os setores de hotelaria, gastronomia, comércio, entre outros, vinham tendo. “Tivemos índices de ocupação abaixo do que esperávamos. Como se isso não bastasse o empresariado ainda está sem fluxo de caixa para absorver essa retomada dos pagamentos dos funcionários de forma integral, sem o auxílio do governo federal. Diante disso, tememos que ocorram mais demissões e que não tenham mais contratações. Esperamos que esse subsídio seja retomado em fevereiro”, salientou.
Sicomércio luta para que comércio em Petrópolis não volte a fechar
O presidente do Sicomércio Marcelo Fiorini disse que aliado a Fecomércio tem lutado em várias frentes para que haja a redução de impostos, postergação do pagamento dos mesmos e a criação de mais linhas de crédito por parte do governo federal. “A nível local temos interagido com governo municipal para que a cidade não seja fechada novamente. Sabemos que o aumento não é culpa da abertura do comércio, que é um dos setores que mais respeita as medidas de segurança. Os pequenos empresários não podem pagar novamente essa conta, tendo em vista que desde o início foi o mais afetado”, opinou.
Marcelo destacou ainda que poucos empresários conseguiram ter acesso as linhas de crédito subsidiadas pelo governo federal. O dinheiro acabou muito rápido, e elas contemplaram apenas cerca de 20% a 30% das empresas. Apesar deste cenário, ele ressaltou que nos últimos meses houve uma leve retomada econômica em Petrópolis. Mas ela pode ser prejudicada com o aumento de casos de covid-19, que tem se mostrado expressivo desde o mês de novembro do ano passado, com destaque para dezembro - que segundo especialistas já pode ser considerado o mês com mais registro de novos casos da doença e mortes em decorrência da covid-19.
“Estamos apreensivos com uma recaída de maneira geral. Definitivamente o primeiro trimestre de 2021 ainda está muito incerto. Não sabemos se a ajuda dada até agora para a manutenção dos empregos será mantida pelo governo federal. Torcemos apara que ao menos a vacinação comece em meados de março deste ano, para que em junho ou julho, já consigamos sentir uma retomada mais concreta da economia”, disse.
Fonte: Diário de Petrópolis
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